Mobility

Como fazemos Wilders se sentirem em casa em outro país

maio 30, 2020 11 MIN LEITURA Daniel Schneider

Um papo esclarecedor sobre novos desafios e adaptação com Marina Wunsch, Global Mobility Specialist na Wildlife.

 


 

A Wildlife é uma empresa jovem, mas abrangente. Nossos mais de 70 jogos já foram baixados dois bilhões de vezes, por gamers do mundo todo. E, embora tenhamos apenas nove anos de idade, somos um unicórnio e temos times trabalhando em seis escritórios globais – em São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina), São Francisco (EUA), Orange County (EUA), Palo Alto (EUA), e Dublin (Irlanda). Temos orgulho de ter uma cultura global, e parte dessa cultura é cuidar do bem-estar dos Wilders.

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Por isso, quando contratamos a pessoa perfeita para ocupar uma posição, mas que ainda não mora na mesma cidade onde está a vaga, fazemos de tudo para que a experiência de mobility (como chamamos a área responsável por mover os Wilders entre os nossos escritórios) seja a mais simples possível.

Para você ter uma ideia, nos últimos oito meses mais de 30 Wilders estrangeiros foram contratados e passaram pelo processo de mobility, entre quatro e cinco por mês, número que tende a aumentar este ano.

Para contar um pouco desse trabalho para você, conversamos com a nossa Global Mobility Specialist, Marina Wunsch, que nos leva pela mão para conhecer essa área na Wildlife e entender como os processos funcionam para fazer com que os Wilders estrangeiros se sintam tão em casa quanto os locais.

 

Marina, o que são processos de Mobility e o que eles precisam considerar para funcionar bem?
A área de Global Mobility foi criada para gerenciar as movimentações dos Wilders. No nível macro, somos responsáveis por Movimentações Nacionais – por exemplo, quando um Wilder precisa se mudar de estado para vir trabalhar no nosso escritório de São Paulo – e Movimentações Internacionais, Quando queremos contratar alguém worldwide com talento excepcional para trabalhar em um dos nossos escritórios. Dentro das movimentações internacionais, trabalhamos com 4 pilares:

1. Legislação trabalhista. Temos que comparar as legislações dos países de origem e destino (especialmente de destino) e instruir os novos Wilders.

2. Legislação imigratória. Regula vistos de trabalho e legalidade para residir.

3. Legislação fiscal. Entender o que muda nos impostos.

4. Interculturalidade. Adaptação a outra cultura, experiência de vida em outro contexto.

Esses quatro pilares ajudam a fazer a mobilidade global sempre observando as leis e reduzindo riscos, tanto para o colaborador quanto para a empresa. É uma experiência incrível. Diferenças existem, o choque cultural acontece , mas queremos que a transição seja a mais tranquila possível. Se mudar de casa dentro da mesma cidade já é complicado, imagina mudar de país. Então a gente trata cada transferência como um projeto, com vários processos e parceiros envolvidos.

Para o visto, nosso parceiro de imigração providencia toda a documentação no país de origem e destino, para incluir na folha. Nosso parceiro de assessoria fiscal ajuda até mesmo com a primeira declaração de IR. O parceiro de relocation ajuda com a escolha da casa, de escolas para os filhos, supermercados próximos, e com o contrato de locação do imóvel. Temos um parceiro de aulas de idioma, porque é muito importante falar a língua. Geralmente, quando as pessoas se mudam para a Irlanda ou EUA, já falam inglês, mas quando vêm para Brasil ou Argentina, muitas vezes ainda não falam português ou espanhol.

Oferecemos um pacote de aulas para o cônjuge também. Temos ainda um parceiro intercultural para auxiliar na realização de workshops a cada três ou quatro meses com os transferidos novos e às vezes também com colaboradores locais. Aqui trabalhamos com transferências permanentes, então facilitamos ao máximo tudo que for possível para que os Wilders se sintam em casa.


Como foram criados os processos de Mobility na Wildlife?

A Wildlife começou a expansão internacional em 2019. Já havia alguns colaboradores estrangeiros na empresa, mas cada área tinha feito sua própria mobility. Não tínhamos todos os processos definidos ainda e os parceiros eram muito locais. Para resolver isso, estabelecemos parcerias globais e uma estrutura realmente internacional, para que o apoio fosse porta a porta.

Criamos uma política de Global Mobility flexível, seguindo uma tendência do mercado, e acompanhamos constantemente a satisfação dos colaboradores contratados para fazer melhorias. Hoje temos benefícios e serviços obrigatórios e também uma parte flexível, em que a própria pessoa monta de acordo com suas necessidades e os limites do pacote. Alguns querem trazer animais de estimação, por exemplo. Outros gostariam de passar mais dias em hotel para buscar a casa com mais calma. Essa política mais flexível reduz o número de exceções e facilita o controle do orçamento. Global Mobility é um processo complexo e caro. O próximo passo que se busca dar é centralizar todos os processos numa plataforma unificada.

Marina conta o passo a passo do processo:

1. Offer Letter
Nossas offer letters hoje são padronizadas, já com os benefícios de mobility.

2. Candidato ou candidata aceita a proposta
Quando o(a) candidato(a) aceita a oferta, a gente já recebe o início do assignment e entra em contato para a briefing call.

3. Briefing call
Na ligação, explicamos ao novo Wilder como vai funcionar cada processo, com seus respectivos provedores.

4. Parceiros entram em cena
Após a briefing call, nossos parceiros entram em ação. Primeiro o de imigração, se for internacional, porque a documentação precisa estar completa e adequada para incluirmos o funcionário na folha de pagamento.

5. Primeira visita ao novo lar
Depois do visto, começam as conversas sobre o tipo de moradia e outros detalhes, como proximidade da empresa e de escolas. Daí se cria uma agenda, que já prevê uma viagem inicial, normalmente de quatro dias, para visitar imóveis e tudo mais. Após a decisão, o parceiro de relocation negocia o contrato de locação. Paralelamente, o novo funcionário recebe instruções do provedor sobre a parte fiscal. As aulas do novo idioma também podem começar antes da mudança, para facilitar o processo de chegada.

6. Mudança
Depois de tomadas todas as decisões, e de posse de toda a documentação, o funcionário se muda e segue o processo normal de todo colaborador. Passa a ser um Wilder.

 

Depois da chegada final ao destino, quando esse processo termina?
Depende do perfil do colaborador. Em média, uns seis meses após a mudança. Cerca de três meses quando o novo wilder vem de um país do Mercosul para o Brasil, ou de um país da UE para Dublin. Brasil representa um cenário mais desafiador, pois é difícil, por exemplo, encontrar pessoas que falam inglês na rua. Então, para quem não fala o idioma, a ambientação leva pelo menos seis meses.

Nesse período, é comum surgirem dúvidas com relação a plano de saúde ou coisas do dia a dia que são naturais para os nativos. Por exemplo, nos EUA é comum mandar cheque pelo correio. São particularidades que temos que pensar com a cabeça do estrangeiro. Para facilitar essa adaptação no Brasil, a gente desenvolveu um guia de bolso de São Paulo. Além das sugestões de locais, ele tem dicas sobre o dia a dia e pinceladas de cultura brasileira.


E para o cônjuge, vocês oferecem algum outro suporte além das aulas de idioma?
Sim, esta é uma das opções da política flexível. Pesquisas indicam que o(a) cônjuge é um dos principais fatores para uma melhor experiência de mobility. Afinal, existem casos em que o marido ou a esposa precisa largar tudo para acompanhar a pessoa contratada. Por isso, muitos dão preferência pelo visto que permite que o cônjuge trabalhe também. Outros preferem se dar ao direito de, inicialmente, tirar um sabático.


Geralmente após quanto tempo o transferido costuma se sentir em casa?

Nós consideramos o ciclo de vida de expatriação como um gráfico com altos e baixos no que diz respeito a essa adaptação. No fator cultural, a gente observa que tudo começa na “fase de lua de mel”, que são os primeiros três meses da mudança. É como uma viagem de turismo prolongada – muitas descobertas, tudo é novo, legal, as pessoas são incríveis. Depois, começa a vir a rotina, as diferenças ficam mais evidentes, o clima, as coisas não funcionam da maneira como você estava acostumado, vem a saudade dos amigos, da família. Esse é o momento em que se deve trabalhar muito a questão da adaptação cultural, o motivo daquele país ser assim, a explicação histórica.

Depois de seis meses a um ano, o esperado é que a pessoa transferida já esteja mais adaptada e integrada, já entenda melhor a lógica local, e já consiga se comunicar. Em alguns casos, elas se sentem tão em casa que não querem ir embora mais. Nós trabalhamos para que isso aconteça.


E quais as diferenças na mobilidade de quem é estrangeiro e de quem já mora no mesmo país?
A mudança dentro do mesmo país (Domestic Mobility) é muito mais simples, porque não envolve tantas partes burocráticas, mas também damos assessoria para buscar casa, orçamento flexível para adaptação e outros benefícios.


Quais são os maiores desafios desse processo todo?

Um dos maiores desafios para quem vem para o Brasil é a burocracia e questão do idioma. Por isso temos a missão de tornar a experiência mais suave e menos dolorida, oferecendo muito suporte. Às vezes a gente se surpreende, a pessoa é super agilizada e tudo acontece num piscar de olhos. A dica é sempre escutar os especialistas, responder com o máximo de agilidade possível e estar com a mente aberta para esta nova jornada.


O que você tem a dizer para o leitor ou leitora estrangeiro(a) que está pensando em trabalhar na Wildlife?

Primeiramente, a Wildlife preza muito pela diversidade cultural e, portanto, nosso programa de mobility tem uma política desenhada para oferecer uma incrível experiência. É muito legal trabalhar numa empresa que tem vários backgrounds, com vários conhecimentos, porque este é o futuro. Todo mundo vai ter que saber lidar com isso. Cada vez mais, somos cidadãos globais, então, temos que aprender a trabalhar com as diferenças culturais e entender por que aquela cultura pensa diferente de você. Isso é muito rico e contribui para o sucesso da empresa e das pessoas.


Quantas pessoas já se mudaram para trabalhar na Wildlife?

Contando apenas as pessoas que de fato passaram pelo departamento de mobility, foram 34 nestes últimos oito meses. Nossa média, portanto, está entre quatro e cinco transferidos por mês. E esse número deve aumentar. Só até abril deste ano já foram nove transferências internacionais e 10 domésticas.


Para terminar: você já passou por um processo de mobility antes, na pele da pessoa contratada?

Quando eu tinha 13 anos meu pai realizou um programa de pós-doutorado na França pelo período de um ano. Não tivemos muita assessoria nessa transição. Eu estava ainda na adolescência e nunca tinha saído do Brasil. Não queria ir embora, era muito ligada aos amigos. Depois aquela experiência abriu minha cabeça e eu já não queria voltar. Conheci muitas pessoas, fiz amigos e amigas. Comecei a falar francês e me integrar. Ia para a escola e no início não entendia nada. Até aprender o idioma me sentia muito fora do meu ambiente. Viajamos com alguma frequência para lugares incríveis.

Depois tivemos que voltar e eu não estava preparada para o choque cultural reverso. Aprendi muito e fiquei fascinada com a experiência. Após minha graduação na universidade, tive uma segunda oportunidade de viver esta experiência internacional e me mudei para Toronto, no Canadá, para um curso de um ano. Não à toa, hoje trabalho com isso. Sou apaixonada por interculturalidade, e estou muito empolgada com a fase em que a Wildlife está em relação a mobility.

Photo by Frank Vessia on Unsplash

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