Integrity Program: como ajudamos Wilders a tomarem decisões dentro dos nossos princípios éticos
out 13, 2020 9 MIN LEITURA
Sabrina Faleiro compartilha a sua visão de como o Programa de Integridade da Wildlife foi criado e por que ele é tão importante.
Há oito meses na empresa, a advogada Sabrina Faleiro já deixou a sua marca na Wildlife. Experiente no setor de compliance, hoje ela é reconhecida pelo trabalho que deu origem ao programa de integridade que saiu do papel em tempo recorde, e foi um esforço interdisciplinar que envolveu as lideranças de Comunicação e de Recursos Humanos.
“Eu sempre olhei para o jurídico como um parceiro do negócio e a área de integridade reflete muito essa conexão, porque além de aplicar o direito, você contribui positivamente para um ambiente de trabalho ético e garante o bem estar dos funcionários”, conta Sabrina.
Os desafios na criação do Programa de Integridade foram grandes, mas os ganhos são ainda maiores. Além de estabelecer processos para a manutenção das relações dentro da empresa, favorecer a retenção de talentos e garantir um ambiente de trabalho seguro, Sabrina conta que um programa de integridade é capaz de trazer benefícios, também, de fora para dentro.
“São conceitos que não são tão fáceis à primeira vista, mas são importantes para mitigar eventuais riscos, perda de talentos ou evitar condutas que vão de encontro a um ambiente ético e de respeito. Esse programa traz, também, uma imagem positiva para os nossos investidores. No fim, o objetivo é fazer a empresa crescer de forma saudável sem deixar de lado os mais altos padrões de ética e integridade”, diz.
Mas não estamos falando de uma série de regras engessadas e manuais de conduta profissional padrão – porque o projeto foi colocado de pé no “jeito Wildlife” de fazer as coisas, apoiado em estratégias de comunicação voltadas para uma empresa jovem de tecnologia em constante crescimento.
Leia a entrevista na íntegra e saiba como a Wildlife planejou o seu projeto de integridade, usando uma comunicação fácil e leve, para dar aos Wilders as ferramentas necessárias para manter o ambiente de trabalho saudável e ético.
Sabrina, o que é o Programa de Integridade na prática?
O programa veio para reforçar os nossos princípios e valores e para criar um espaço em que as pessoas pudessem reportar qualquer eventual situação contrária ao nosso código de conduta e políticas.
O programa tem cinco pilares e todas as ações são baseadas neles:
1. Talk to Us, um canal seguro gerenciado por um fornecedor independente que funcionários ou terceiros podem relatar (de forma totalmente anônima, se preferirem) qualquer tipo de conduta que vai contra nossos valores, Código de Conduta Ética e políticas;
2. O comprometimento da alta-liderança, que apoia e fomenta as iniciativas;
3. Políticas claras, com conteúdos objetivos, simples e de fácil compreensão;
4. Um pilar mais técnico, que envolve uma análise do perfil de risco da empresa e a garantia de que estamos cumprindo com toda nossa legislação; e
5. Treinamento e comunicação constantes para reforçar nosso Programa. Por mais que as pessoas tenham acesso às políticas da empresa, elas precisam ser treinadas e nós precisamos estar próximos delas constantemente. Lançar esse projeto durante a pandemia do novo coronavírus teve esse desafio adicional. Os treinamentos e toda comunicação do Programa têm sido online e não deixaram de ser eficientes por causa disso.
Quais foram seus primeiros passos para tirar o Programa de Integridade do papel?
Encontrar aliados que me ajudariam a construir o plano de ação para implementação e desenvolvimento desse projeto. Sorte a minha que encontrei a Hannah Kim de RH e a Kathia Oliveira de Comunicação que me ajudaram durante todo o processo, além de ter recebido o apoio do Mateus Furini nosso VP Finanças e Legal e da Taissa Cruz nossa Head de diversidade e inclusão que foram fundamentais para o sucesso do Programa. Sem eles esse projeto não teria saído do papel.
Em quanto tempo todos os pilares do projeto estavam prontos?
Fizemos de janeiro a junho, foram cinco meses para pensar o programa, montá-lo, fazer o benchmarking, apresentar e levar o plano de implementação para aprovação da liderança. O go live foi no dia 29 de junho e desde então temos recebido constantes feedbacks de como é importante reforçarmos temas como ética e integridade no ambiente de trabalho.
Como foi a construção do Código de Conduta Ética? Como ficou o documento final que chega nas mãos das pessoas?
Por ser um dos documentos principais e a “porta de entrada” do programa, sabia que precisávamos desenvolver um documento que chamaria a atenção dos nossos funcionários. Por isso, usei técnicas de visual law (que emprega elementos visuais para tornar o Direito mais claro e compreensível) para fazer [o Código de Conduta]. Nós falamos muito sobre tirar o juridiquês do nosso vocabulário e isso se faz cada vez mais presente na área de integridade que você precisa estar junto do funcionário. Então, uni forças com o setor de design para montar as informações com textos, imagens, símbolos e gráficos. Ele é mais objetivo tanto na linguagem como na forma em que se apresenta, o que desperta o interesse na sua leitura.
Qual foi o maior desafio na criação desse programa para a Wildlife?
Numa empresa de tecnologia, tudo acontece num ritmo mais acelerado. O maior desafio foi adaptar um Programa de Integridade para uma empresa de tecnologia em constante crescimento e que está atraindo investimento externo. Era necessário trazer uma visibilidade positiva para a Wildlife, mas que desse frutos de verdade e fizesse a diferença.
Também era necessário criar um programa global, não só para o Brasil. Foi necessário entender como funcionava a legislação em outros países, assim como a cultura e como seria possível criar um único programa para todas as regiões em que atuamos. Claro que tivemos que fazer alguns ajustes para adaptar algumas regras locais, mas conseguimos desenvolver um programa robusto globalmente.
Houve um “jeito Wildlife” de fazer as coisas acontecerem?
Não tinha como eu chegar com documentos enormes e complexos. Eles precisavam ser claros e objetivos e tinha que ter uma pegada criativa por trás, porque é uma empresa que trabalha com criatividade o tempo inteiro. Foi aí que eu busquei explorar esse lado que não é tão comum na advocacia, busquei usar o visual law que consiste em técnicas de design atreladas ao direito.
O tema é sério, mas precisa ser tratado de uma forma leve. Por isso, desenvolvemos um plano de comunicação robusto para que as pessoas não esqueçam do programa e saibam exatamente o que ele é. Não adiantava assustar as pessoas com um monte de guias, precisávamos trazê-las junto conosco. Nossos funcionários são peças fundamentais para o sucesso do programa, precisávamos atraí-los desde o início. Afinal, são suas atitudes que vão influenciar na resposta do programa ser bem sucedido ou não.
O programa de integridade não é meu é de todos os Wilders. E isso é uma coisa muito específica da Wildlife, esse sentimento de pertencimento. As pessoas vivem a empresa, vestem a camisa e são apaixonadas pelo que fazem e o programa de integridade veio para reforçar isso.
Quais os diferenciais que você identificou no setor?
Eu fiz um benchmarking com sete empresas do setor para tentar entender como as empresas de tecnologia olham para a questão da ética no ambiente de trabalho. Fui tentando desvendar qual seria a principal relevância deste projeto e vi que a área seria muito importante também para reforçar temas como diversidade e inclusão. Através do programa de integridade reforçamos a importância de um ambiente de trabalho seguro e de respeito mútuo. Além de garantir que qualquer conduta contrária a essas premissas, será devidamente endereçada.
Fatores externos também motivaram essa iniciativa?
Existe uma demanda global por programas como esse para evitar situações indesejáveis, que acompanhamos diariamente em noticiários. De uns tempos para cá, o mundo corporativo começou a valorizar programas de integridade e entender que as empresas também precisam ser um lugar seguro e que fechar os olhos a esses temas não é uma opção – e não poderia ser diferente!
Não quer dizer que nós temos ou vamos ter um problema. Mas que, se tivermos, as pessoas saberão o que fazer, a quem procurar e não vão guardar a experiência para si, se frustrar ou acabar saindo da empresa por algo que não conseguimos observar. O programa serve para que as pessoas se sintam confortáveis para trazer alguma eventual situação que presenciaram ou tenham passado e também para evitar essas situações inadequadas.
A importância do programa é demonstrar que um ambiente ético faz a diferença e nos dá uma vantagem competitiva no mercado para receber investimentos ou dialogar com stakeholders externos. Hoje, valoriza-se muito uma empresa que é comprometida com a ética no ambiente de trabalho, que tem um espaço de respeito mútuo entre os funcionários e que as pessoas se sintam confortáveis para serem quem elas são.
Quais efeitos positivos já podem ser vistos?
Sabemos que quando o assunto é ética e integridade as respostas nem sempre são óbvias, por isso percebemos um interesse grande dos nossos nossos funcionários pelas políticas internas da empresa, principalmente em relação ao Código de Conduta. Além disso, percebemos um interesse nos Wilders em buscar entender como eles podem ser porta voz dessa iniciativa e reforçar nossos conceitos.
É muito gratificante ver o comprometimento da Wildlife com esse tema. Eu vejo que o programa de integridade só traz benefícios e não me imagino trabalhando numa empresa que não tenha condutas relacionadas à ética e à integridade. É um programa de todo mundo e ele só funciona porque Wilders acreditam nele.