Meus 100 dias na Wildlife: aprendendo sobre confiança e humanização de processos
nov 20, 2020 12 MIN LEITURA
Supervisora de Pré-Produção em Marketing Art, Isabella Augusto, fala sobre a importância do espírito de equipe para alcançar os melhores resultados.
Gerenciar e liderar pessoas, às vezes, é um desafio tão grande ou maior que o trabalho técnico em si. Mas, para mim, além de um desafio, esse é um trabalho motivador, e foi aqui na Wildlife que venho descobrindo como construir a confiança entre gerente e time.
Me chamo Isabella Augusto e sou Supervisora de Pré-Produção em Marketing Art na Wildlife. Nasci e fui criada em Minas Gerais e, depois de alguns percalços e indecisões pelo caminho, decidi vir para São Paulo aos 20 anos para cursar a faculdade de Comunicação Social, com ênfase em Rádio e TV, na Anhembi Morumbi.
Sim, comecei trabalhando como assistente de direção em cinema, e logo após migrei para o mundo da TV, atuando como produtora. Mas como dei essa virada na carreira para gerenciar uma equipe de artistas na Wildlife? Bom, eu conto mais a seguir.
DA PRODUÇÃO PARA TV PARA A PRODUÇÃO DE ANIMAÇÃO
Comecei fazendo estágios pequenos na faculdade, passando rapidamente pelo mundo da direção de cinema, até que consegui uma vaga na produção do programa Pânico, na Band, onde trabalhei por dois anos. Eu sempre gostei muito do mundo da TV e vim para São Paulo com esse sonho em mente, mas, infelizmente, não foi uma experiência que eu gostaria de repetir.
Fiquei desiludida na época, mas ainda assim consegui extrair coisas positivas desse período. Aprendi a trabalhar e a resolver problemas sob pressão. Também aprendi a me virar com os recursos que eu tinha. De lá, fui trabalhar no programa Polícia 24 horas, da produtora Cuatro Cabezas, que depois foi comprada pela Warner Bros.
Saí da produção de TV, onde o trabalho era basicamente de campo, correndo atrás de matérias e entrevistas para cumprir a pauta, e também de organização de quadros gravados em estúdio, e fui para um ambiente (teoricamente) mais calmo, que é a edição.
O programa acabou, em setembro de 2014, e a equipe inteira foi dispensada. Eu fiquei um tempo sem saber o que fazer e, para não ficar parada, decidi cursar Produção Executiva na Academia Internacional de Cinema, ainda tentando manter meu foco no mundo televisivo. Durante esse tempo, decidi me jogar no LinkedIn para ver o que o mercado poderia me oferecer. Foi por lá que conheci um diretor da Consulado, uma produtora de animação de São Paulo. Ele me chamou para fazer um trabalho freelancer e, então, voltei a atuar como produtora, pois o estúdio estava investindo em live action na época, e não só em animação.
Fiquei cinco anos na empresa, e durante esse período me pediram para cobrir as férias do coordenador de pós-produção. Eu estava um tanto receosa no início, já que era algo completamente novo para mim, mas acabou dando tudo certo e assim tive meu primeiro contato com os mundos de 2D e 3D. Comecei a gostar daquilo, era um mundo totalmente diferente. Nesse tempo também aproveitei para cursar um MBA em Marketing Digital, pois acreditava que acompanhar a evolução digital dessa área seria primordial para o desenvolvimento da minha carreira. E eu não estava errada.
Aprendi demais na Consulado, em vários aspectos. O coordenador do departamento foi um grande mentor para mim, e me inspirou muito a ser a profissional que sou hoje. Ele me ensinou a equilibrar o lado humano e o profissional do time. Já na parte técnica, além de uma bolsa de estudos na Universidade de Ohio (Estados Unidos) que ganhei em 2019 para conseguir aprimorar meu conhecimento em gestão de projetos, o meu tempo na Consulado me ensinou bastante de tudo que eu sei de produção de vídeo, de coordenação de equipe, de animação 2D e 3D, e me deu o embasamento necessário para trilhar o meu caminho até a Wildlife.
MEUS PRIMEIROS DIAS NA WILDLIFE: UM NOVO CAPíTULO
Quando começou a quarentena, eu já havia começado a minha busca por uma nova oportunidade. Sentia que não havia mais para onde crescer onde eu estava e a falta de uma rotina (sou dessas) com horários mais fixos e prazos não tão apertados estava começando a pesar na minha vontade de buscar um novo desafio profissional. Eu já estava trabalhando remoto, por conta do isolamento, quando uma pessoa da Wildlife entrou em contato comigo no LinkedIn.
Depois de algumas conversas e entrevistas, recebi uma proposta para assumir o papel de supervisora de pré-produção e aceitei. Apesar do processo ter sido rápido, fiquei com um certo medo quando cheguei. Eu sabia que seria bem recebida, mas eu não tinha a menor ideia do que eu iria encontrar pela frente.
Uma das primeiras coisas que pensei quando cheguei na Wildlife foi: “como é que eu vou conseguir coordenar um time que eu não conheço à distância?”. Em algum momento até achei que não ia conseguir, mas já que eu tinha abraçado o desafio, eu teria de ir com medo mesmo.
Durante meu período de adaptação, percebi que precisava conhecer melhor o meu time. Por isso, começamos a fazer reuniões diárias pelo Zoom. Foi assim que consegui descobrir quantas horas cada artista gastava em cada projeto e outras informações essenciais para o trabalho. Essas reuniões me ajudaram (e continuam ajudando) a perceber como está a pessoa do outro lado da câmera: se está bem, se está passando por algum problema, se precisa de ajuda. Para mim, esse contato é muito importante e devemos a ele muito do espírito de equipe que temos hoje.
Outro ponto positivo que me chamou muito a atenção, quando cheguei, foi o acesso facilitado a todas as pessoas que trabalham na Wildlife.
Todo mundo aqui está disposto a ajudar. Ninguém é inacessível e é algo realmente incrível. Eu nunca vi isso em nenhum outro lugar. Essas coisas me fazem querer ficar e me envolver, porque você realmente pode contar com outras pessoas.
No que depender de mim, isso vai ser sempre regra e eu encorajo muito todo mundo do meu time a falar com qualquer pessoa sobre ideias ou só bater um papo para se aproximar. Quando entrei, eu fiz algumas reuniões de apresentação com todos os times de Marketing Art que trabalhavam paralelamente com o meu.
Dessa forma, tentei criar uma aproximação entre gestores, artistas e o meu time de pré, para que todos pudessem entender o trabalho do outro, pois desencontros por falta de informação acabavam sendo frequentes. A gente presume que todas as informações são claras, mas elas não são, e é importante que nos certifiquemos de que todos estão na mesma página quando tomamos algum tipo de decisão.
Enfim, eu quis deixar esse espaço o mais acessível possível quando eu entrei. Isso para mim é muito importante. Acho que se não fosse assim, talvez eu não gostasse tanto de trabalhar aqui.
OS DESAFIOS E RESPONSABILIDADES DA PRÉ-PRODUÇÃO
Mas, afinal, o que faz o departamento de Pré-Produção em Marketing Art na Wildlife? Nós criamos os vídeos de divulgação dos nossos jogos, com o objetivo de trazer mais usuários, e desenvolvemos esses vídeos a partir das hipóteses que o departamento de Intel gostaria de testar, baseadas sempre na análise dos dados.
O time de Criação tem as ideias a partir das hipóteses que a Intel compartilha, eles estruturam isso e me passam. Parte do meu trabalho é pegar essas ideias, já estruturadas, e distribuir entre a minha equipe para cada um executá-las da melhor forma possível – compreendendo as partes de storyboard e de visual development.
Temos duas equipes dentro da própria equipe de Pré-Produção: uma delas é composta por storyboarders, que pegam a ideia da criação e transformam em um animatic. Com a aprovação desse animatic pela equipe de criação, o trabalho dos storyboarders termina e aí é a vez de os artistas 2D entrarem em ação.
Estes, por sua vez, são os artistas que vão dar vida àqueles movimentos, trabalhando no visual development ideal para cada um dos vídeos, englobando look & feel, indicações de luz, assets a serem usados, indicação de efeitos especiais e etc. Meu trabalho também é verificar se tudo isso está sendo entregue conforme o briefing da Criação. Dessa forma, o projeto pode seguir o caminho dele no processo de produção.
Nós somos a primeira etapa de execução do trabalho em Marketing Art. Os Guias de Produção, com todos os indicativos de board e arte, saem das nossas mãos para que a equipe de 3D possa entregar o vídeo final.
O QUE VEM PELA FRENTE
Meu primeiro grande desafio foi entender e trabalhar com arte dentro de uma linha de raciocínio que funciona à base de algoritmos. Temos que entender o que está dando certo, o que está valendo a pena, o que está convertendo mais usuários para os nossos jogos, e o que está gerando mais cliques. Assim, nós traçamos estratégias de arte e desenvolvemos trabalhos que possam atingir o sucesso.
Na verdade, esse é meu maior desafio até hoje. É uma adaptação constante, pois o algoritmo é um mistério. E, apesar de termos muitos indicativos do que está funcionando através do departamento de Intel, não existe uma regra fixa, escrita em pedra, no final nós nunca sabemos o que pode acontecer. Aqui, os projetos nunca acabam, nós somos nosso próprio cliente.
Para mim, esse processo é uma novidade e procuro entender muito do mercado e o que está acontecendo com os concorrentes. É um constante aprendizado que continuarei levando adiante.
Desde o dia que entrei estou investindo em conhecimento para conseguir ser uma pessoa mais data driven, tomando decisões estratégicas baseadas em números. Como em qualquer novo desafio, enfrentei muitas dificuldades no começo, mas agora esse já é um caminho mais natural e rotineiro.
NINGUÉM FAZ NADA SOZINHO
Como eu disse antes, conhecer melhor a minha equipe para criar um elo de confiança foi uma das minhas prioridades quando cheguei e segue sendo algo extremamente para mim – e quem não curte um bom happy hour, mesmo que virtual?
Investi tempo em conhecer todo mundo para estabelecer essa base de confiança para que depois eu pudesse atacar os problemas que tinha identificado no departamento. Os papos individuais foram essenciais nesse sentido, e criei uma rotina onde cada dia da minha semana, além das reuniões básicas, é composto somente por um 1:1 (encontro semanal de uma hora com cada integrante do time), para que eu possa ter atenção exclusiva nas questões individuais de cada um dos artistas e possamos traçar juntos planos de carreira e estratégias para o departamento.
Quando a relação do time ficou mais forte, começamos a fazer mudanças mais visíveis na Pré-Produção – graças à minha equipe, que é maravilhosa. Eu não escolheria outras pessoas para estarem comigo. Há muito trabalho a fazer por aqui, não vou mentir, e estar com pessoas que te inspiram caminhando lado a lado é um estímulo a mais para querer fazer acontecer.
Acredito que tratar as pessoas como seres humanos e não como máquinas é um diferencial primordial para que o trabalho possa fluir, ajuda a estabelecer confiança e gera prazer em trabalhar com o seu gestor.
A minha equipe me ajuda demais trazendo vários inputs de questões que eles conseguem ver mais de perto do que eu, que tenho a visão macro do departamento, e esse ponto de vista para mim vale ouro. Eles trazem muitas sugestões relevantes e confiam em mim para escutar e correr atrás de melhorias. Acho que esse é o diferencial.
UMA MENSAGEM PARA QUEM ESTÁ CHEGANDO AGORA
Acredito que quem chegar na Wildlife vai encontrar, assim como eu encontrei, um ambiente muito saudável para trabalhar. Eu entendo que o processo artístico talvez seja um pouco limitante em alguns momentos (falando especificamente do meu departamento), mas o que ficou claro para mim é:
Trabalhar num lugar onde as pessoas gostam de se ajudar, realmente se preocupam com as outras e facilitam o seu trabalho é algo que eu nunca antes tinha visto no mercado.
Então, estar numa empresa com valores muito fortes de inclusão e de preocupação com o próximo, como na Wildlife, é uma experiência que eu acho que todo mundo deveria (e merece) ter.
De minha parte, venho aprendendo cada vez mais a investir no capital humano do meu time. Eu gosto de conhecer as pessoas a fundo e percebi que só se entende o trabalho de alguém quando você conhece este profissional de fato.
Para mim, é importante saber o que se passa com quem está a minha volta e eu invisto bastante nisso para poder também traçar estratégias de divisão de projetos, por exemplo. Como disse antes, aprendi a olhar as pessoas como humanos, e não máquinas. E a Wildlife é, de longe, a experiência mais humana que já tive numa empresa até hoje.