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O que há por trás de um jogo que nos faz esquecer o mundo ao redor?

jul 25, 2021 6 MIN LEITURA Juliana Protásio

Fernanda Nunes, UX Designer na Wildlife, conta como o time trabalha para melhorar a experiência e tornar os jogos mais envolventes.

Como uma dessas pessoas que gostam de desmontar coisas para ver como elas funcionam, Fernanda Nunes sempre gostou de olhar por trás dos jogos, até que começou a criá-los. O que era hobby tornou-se profissão e hoje ela é uma das integrantes do time de UX Design na Wildlife. 

Fernanda vem de uma formação em Design pela FAU-USP, um curso interdisciplinar, de acordo com ela. Durante a graduação teve a oportunidade de fazer intercâmbio nos EUA e estagiar no Laboratório de Jogos da University of Southern California, onde teve maior contato com pesquisa e UX para jogos.  “No Brasil ainda não havia muito estudo de UX para jogos. Quando fiz estágio em um laboratório de jogos, aprendi mais sobre a área”, conta.

A paixão por jogos vem desde a infância, estimulada pelo pai, que a atraiu para o universo dos videogames para evitar que a garota se arriscasse brincando na rua. Fernanda então cresceu com um controle nas mãos e vontade de descobrir cada vez mais sobre aquela brincadeira. “A partir de 2011 comecei a me envolver na criação de jogos e participava de todas as game jams que tinha forças para participar. E não parei mais”, afirma.

UX EM MOBILE GAMES

Um bom resultado do trabalho de UX é que ele seja invisível. Tudo, desde os menus até os controles de jogo, deve parecer parte natural da experiência para que a pessoa se sinta imersa no jogo. O papel do time de UX Design é trabalhar os elementos do jogo junto com game designers e desenvolvedores, para tornar a experiência tão fluida e envolvente que não dá vontade de parar. Tudo isso enquanto gerencia o atrito, para que o jogo pareça intuitivo, atraente e que a interface não interfira com os elementos divertidos do jogo.

Fernanda explica que o mercado de consoles é bem diferente do mobile e conta que desenvolveu um olhar apurado sobre o que os torna tão divertidos. O que chamou atenção de quem a entrevistou na Wildlife foi o seu constante envolvimento com jogos – por experiência como jogadora e pela curiosidade de como são feitos.

“Sempre procurei conhecer jogos novos, acompanhar a produção dos independentes, que experimentam e trazem bastante inovação, além de jogar bastante no celular”

Na Wildlife, a área de UX está se estruturando. O objetivo é criar uma Instituição de Human Centered Design, onde os profissionais devem ter em mente as necessidades não só dos jogadores mas também de todas as pessoas e times envolvidos no desenvolvimento dos jogos. Esse modo de pensar traz uma visão holística não só para os profissionais de UX mas também para a empresa toda. Fernanda explica que os UX Designers trabalham colaborativamente junto dos times de Produto e Game Design. Juntos definem como serão as interações do jogador, usando inclusive psicologia e padrões comportamentais para definir fluxos, hierarquia de menus e até mesmo como a loja do jogo é organizada. Ela ressalta que muitas dessas coisas são apresentadas ao jogador antes mesmo de começar a partida, então é necessário trazer a sensação de um bom começo.

UX DESIGNER WILDLIFE STUDIOS MOBILE GAME

No jogo propriamente dito, Fernanda olha para detalhes, como fornecer o feedback das ações e localização dos botões na tela. “No celular, principalmente, pensamos no que precisa ficar mais fácil ao alcance dos dedos, o que é mais ou menos importante”, diz. Assim, o UX designer trabalha com o Game Designer até mesmo para prever erros de jogadores e elaborar a melhor ideia de interação possível. Portanto, também interfere no trabalho da engenharia e de visual design, afinal tudo precisa dialogar para que o resultado seja bonito e funcional.

QUEM QUER SER UX DESIGNER DE GAMES? 

A área de UX na Wildlife é essencial e está crescendo, mas um dos desafios segundo Fernanda é encontrar profissionais com as habilidades certas. “Com a velocidade da Wildlife, precisamos de designers mais sênior, que possam ter autonomia e sirvam de inspiração, e elas acabam vindo de outras indústrias”, como foi o caso dela, que trabalhava em uma Fintech.

Para ela, uma experiência fundamental é ter o ponto de vista do jogador e compreender que jogos mobile também possuem um modelo de negócio. Por isso, jogar muito é importante e ajuda a entender o funcionamento e o racional por trás das interfaces e das mecânicas dos jogos. “Jogos são formas de entretenimento e devemos nos preocupar com o fator diversão. Porém é preciso compreender que um jogo também é um produto e precisa gerar uma receita, da mesma forma que alguém que trabalha com um e-commerce sabe que a finalidade de uma interface amigável é ajudar a vender mais”, compara.

Ela explica também que é importante compreender o ciclo de vida de um produto. Ter uma visão estratégica e saber conduzir pesquisas são habilidades essenciais para trabalhar com design de jogos.

“O profissional precisa conhecer o processo de criação de um produto, que é necessário entender quem é o público, observar o que os outros jogos estão fazendo, descobrir por que alguns usuários gastam na plataforma e outros não”

Um dos diferenciais da Wildlife na opinião de Fernanda é o portfólio de jogos, que abrange estilos e públicos variados, o que gera oportunidades também para quem trabalha lá. “É uma empresa com ambição de inovar e isso nos dá espaço para dar ideias de novos jogos e features. Nós recebemos suporte de outros profissionais para melhorá-las e pôr em prática”, revela. 

Fernanda acredita que a diversidade de estilos e públicos nos jogos da companhia, também é refletida em ações internas para garantir diversidade e inclusão nas equipes. Ela vê isso ser pautado com transparência e objetividade, tratado de fato como uma métrica de sucesso e um elemento de motivação. “Existe um esforço de contratar e acolher profissionais mulheres, negros e LGBTQIA+. Me alegra fazer parte de um ambiente assim, além de ter a oportunidade de desenvolver produtos mais interessantes e melhores para as pessoas”, completa.

Careers, Wilders jul 25, 2021 Juliana Protásio